quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Quão atual ainda é esta passagem...


"Agora, quanto à prática [...]profana e amaldiçoada de fazer ouro, que tem estado em tão alta estima, e a pretexto da qual muitos apóstatas e pessoas tratantes usam de grande vilania e lesam e abusam do crédito que lhes é dado; sim, hoje em dia, mesmo homens esclarecidos consideram a transmutação de metais o que há de mais elevado, e fastigium em filosofia, este é todo o seu intento e desejo, e consideram que Deus seria mais estimado e honrado por aqueles que consiguissem fazer a maior quantidade de ouro, e em abundância, o que, com preces irrefletidas, esles esperam alcançar do Deus onisciente e perscrutador de todos os corações. Nós, portanto, por este documento atestamos publicamente que os verdadeiros filósofos têm mentalidade completamente diversa, pouco estimando a fabricação de Ouro, que é apenas um parergon; pois, além disso, contam eles com mil coisas melhores [...].

Fama Fraternitatis, versão impressa - 1614

És um Rosa+Cruz?


Se és um membro da Confraria da Rosa+Cruz, sabes bem do que estou falando. Há séculos, nossos antecessores firmaram posição contra a corrupção e a sede desenfreada de poder, apontando onde os governos e as religiões estabelecidas falhavam perante Nosso Senhor e a humanidade. É lamentável ver que, nos tempos atuais, algumas organizações rosicrucianas, esquecendo-se do que pretendem representar, também vendem um cantinho do céu (que veja quem tem olhos de ver e ouça quem tem ouvidos de ouvir), e muitos dos que se intitulam rosacruzes sacam sua carteirinha como se fosse esse um sinal de ligação com a Venerável Fraternidade.

Irmãos da Rosa+Cruz são seres humanos que vivem pautados por princípios. Entre nossas regras, está a de vestirmo-nos de acordo com os costumes do local em que nos estabelecemos; isto é, não são os sinais exteriores que nos identificam, mas sim a conformidade da nossa conduta à tábua de valores do mais puro Cristianismo (por aludir à pureza de uma religião, poderia ter mencionado qualquer outra; nesse sentido, o Rosa+Cruz é de todo eclético).

Franz Hartman, um Irmão da Rosa+Cruz que organizou a "Irmandade da Rosacruz Esotérica" (herdada e reformulada por Krumm-Heller sob o nome de "Fraternitas Rosicruciana Antiqua") esboçou uma série de regras e deveres aos quais os membros da R+C estariam vinculados. Cito-os, omitindo os comentários (para conhecê-los, o leitor é convidado a ler a obra "In the pronaos of the temple of wisdom", facilmente encontrada, em Inglês, na rede mundial de computadores):

Regras dos Rosacruzes:

1 - Ama Deus acima de tudo;
2 - Devota teu tempo ao desenvolvimento espiritual;
3 - Não te prendas a ti mesmo;
4 - Sê temperado, modesto, enérgico e silente;
5 - Aprende identificar a origem dos METAIS dentro de ti mesmo;
6 -Mantém-te previnido contra os charlatões e enganadores;
7 - Vive em constante adoração do Deus vivente;
8 - Aprende a teoria antes de jogares-te à prática;
9 - Exercita a caridade para com todos os seres;
10 - Lê os antigos livros de sabedoria;
11 - Tenta compreender o sentido secreto de tais livros.

Deveres dos rosacruzes:

1 - Aliviar o sofrimento e curar os doentes sem remuneração;
2 - Adotar as vestes e os costumes do país em que vive;
3 - Encontrarem-se uma vez ao ano, em um certo local;
4 - Encontrar e preparar um sucessor;
5 - As letras R.C. são o emblema da Ordem;
6 - Manter a Fraternidade em segredo por 100 anos, a contar de sua fundação.

Características de um rosacruz:

1 - O rosacruz é paciente;
2 - O rosacruz é gentil;
3 - O rosacruz não conhece a inveja;
4 - O rosacruz não se gaba;
5 - O rosacruz não se prende à vaidade;
6 - O rosacruz não é desordeiro;
7 - O rosacruz não se prende à ambição;
8 - O rosacruz não é irritável;
9 - O rosacruz não pensa mal dos outros;
10 - O rosacruz ama a verdade;
11 - O rosacruz sabe manter-se em silêncio;
12 - O rosacruz acredita naquilo que lhe é dado conhecer;
13 - O rosacruz não se deixa subjugar pelo sofrimento;
14 - O rosacruz jamais deixa de ser membro de sua Sociedade.

Se tu, leitor, te identificas com essas regras e deveres e se crês que podes aperfeiçoar em ti esses traços característicos sem que violes teu íntimo, és um bom candidato a tomar assento em nossa Fraternidade. Do contrário, és humano, tanto quanto nós somos, e certamente haverá um outro caminho para ti.

ZadKiel R+

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O Segredo Mau

Ao abrir esta postagem, quero indicar um enlace mais do que interessante, onde encontrareis obras e instruções até então siligosas de determinadas associações herméticas:

http://upasika.com/

Sendo, eu mesmo, Embaixador e Enviado Especial do Summum Supremum Sanctuarium, o que me leva a divulgar esse sítio, que contém instruções que, a princípio, não se destinavam ao grande público?

Em primeiro lugar, o que está descoberto deixou de ser segredo.

Em segundo lugar, é certo que o Rosacruz ama a Justiça. E não seria justo deixar desconhecido de alguns algo que está na rede mundial de computadores.

Em terceiro lugar, reporto-me às minhas mensagens anteriores: as organizações rosicrucianas (FRA, FRC, AMORC, Max Heindel, Lectorium, OKRC etc etc etc) não são mais do que potenciais - frise-se: potenciais - portas de entrada para a Augusta Fraternidade Rosa+Cruz. Nem todo membro de uma organização rosicruciana qualquer será, um dia, um membro da Fraternidade Rosa+Cruz e nem todos os membros de nossa Confraria pertencem, ou pertenceram, a qualquer grupo rosicruciano.

Não basta estar com a mensalidade em dia; não basta receber monografias; não basta passar por rituais de iniciação. É o teu conhecimento aliado ao entendimento e à ação que atrairão a atenção de nossa Confraria, e esse processo está obviamente condicionado ao emprego de teu Coração, de tua Mente e de teu Corpo, sem qualquer ressalva, na Obra de Nosso Senhor.

Em quarto lugar, reproduzo um antigo discurso, contra o qual alguns se revoltaram, quiçá por medo de perder aquilo que - tal como tudo o mais que há neste mundo - apenas acreditam que têm. Ei-lo:

"Essa história de que 'não estamos preparados' para isso ou para aquilo pertence a um tempo que já passou. Os segredos, hoje, servem muito mais para dar identidade e manter a coesão de grupos do que para preservar quem ou o que quer que seja.
O "segredo" das sociedades iniciáticas pode ser resumido na seguinte fórmula, tão cara aos adeptos da tradição rosicruciana: - "Invoca sempre; inflama-te em oração". Bulwer Lytton teve a doçura de inserir tal fórmula em seu Zanoni, sob as seguintes palavras: - "Os pensamentos das almas, como a minha, que aspiram aos ideais divinos, são constante prece". Tudo o mais é necessário, apenas, como instrumental para que se compreenda a verdade e o alcance dessa fórmula. Infelizmente, os instrumentos têm sido apresentados como o fim, como a Obra em si mesmo considerada.
Não há qualquer segredo da Maçonaria, ou da Rosa-Cruz, ou dos Templários, ou do que seja, que seja potencialmente prejudicial ao ser humano. O que o é está na manipulação que determinadas organizações impõem aos seus associados, deitando-os sob o jugo de um vingativo "Cósmico", "G.A.D.U.", "I.H.V.H", "IAO" e à espera de um segredo que jamais desvelar-se-á.
- "Isto não pertence ao seu grau."
- "Somente os Mestres Secretos têm acesso a esse conhecimento."
- "Não seja arrogante, pedindo informações que apenas os que percorrem a longa senda de nossa ordem provam-se merecedores de obter."
Quem nunca ouviu esse tipo de ladainha? Na presente época, o adágio deveria ser:"Quando o discípulo está pronto, o mestre... desaparece". É uma pena que ainda digam o contrário.

- "E daí", perguntam-me alguns.

E daí?. Muitos se assustam com a simplicidade. Muitos lucram com a complexidade. Muitos demonstram desdém. A minha mensagem é clara: tem começo, meio e fim. O "e aí" é para quem ainda acredita em fórmulas secretas e milagrosas que um dia irão ser reveladas; para os que ainda acreditam que existe uma Palavra a ser encontrada - rectius, para os que ainda pregam ou aceitam que essa palavra só pode ser comunicada a poucos eleitos, pois "meros profanos" não têm - apenas por serem profanos - pureza de caráter nem mérito para recebê-la; para os que acreditam que ostentar um título ou pertencer a uma ordem os põe mais próximo de Deus, do Diabo ou de ambos; para os que são manipulados pela "maldição do Cósmico" e se riem daqueles que, segundo julgam, são manipulados pelos cleros.

O segredo mau? É o segredo da ilusão imposta por quem não encontrou O Caminho e, ainda assim, apresenta-se como orientador dos seus semelhantes.

"E daí?": devolvo-te a pergunta, pois já não busco mais a resposta.

Me parece correto afirmar que o treinamento que as organizações sérias proporcionam têm o condão de pôr o estudante em contato com realidades mais sutis. Mas não é verdade que a intensidade da prática ditará a qualidade dos resultados. Assim como nas artes marciais, o hermetismo requer que se dedique de corpo e alma. Mas, da mesma maneira que treinar na academia do mais conceituado Mestre de defesa pessoal não fará de você, necessariamente, um lutador de excelência, a não ser que você (1) queira sê-lo, (2) pratique as técnicas, (3) entenda os conceitos e (4) realmente se dedique à luta corpo-a-corpo, também o mero ingresso em uma organização hermética, o simples recebimento de monografias ou a prática mecânica, por si só, não farão de você alguém mais próximo das coisas divinas (se preferir, mais conhecedor de si próprio).

O que tenho visto nestas décadas de envolvimento com sociedades herméticas - e que definitivamente me causa horror - é a maldita manipulação pela exacerbação da vaidade.

Eu - que tenho os mais altos graus de diversas sociedades iniciáticas e as mais alta ordenação em várias linhagens apostólicas da Santa Igreja Gnóstica - lhe digo: graus não garantem evolução ou espiritualidade; associações a ordens e instituições de caráter espiritualista não implicam incremento da espiritualidade; ingressar em uma escola iniciática não torna ninguém "o escolhido" nem melhor do que os profanos; receber títulos e ser investido de autoridade e poderes ínsitos a tais organizações não significa autoridade nem poder espiritual.
Na verdade, deve-se ser extremamente cauteloso, para que tudo isto não importe na total inutilidade da senda hermética.

Quem está verdadeiramente apto a dizer se essa ou aquela pessoa está "preparada" para a Verdade?A verdade soar como mentira é um fenômeno meramente humano e tem muito mais a ver com o condicionamento e o apego às "verdades pessoais" do que com profanação.
Ouça: a verdade, assim como o amor, sempre liberta, ainda que, por vezes, ambos pareçam fazer sofrer.

- "Louco! Como você ousa fazer tais afirmações e encorajar a violação dos segredos?", brada alguém.

Parece-me ser este o vício de quem acaba de bradar: se preocupar por demais com a forma e deixar a essência em segundo plano (sendo essa a minha impressão, jamais poderá ser uma verdade, sequer pessoal).
Alguém, sendo maçom, diria que eu quebrei um segredo se dissesse, aqui mesmo, "Maquebenáque" ou "Jabulom"?
Quero crer que não, porque, com essa grafia e sem as chaves numéricas, essas palavras nada significam: são mera forma. Mas, cá entre nós, o "segredo" por detrás dessas mesmas palavras seria assim tão potencialmente perigoso, caso os "profanos" o descobrissem? Caso positivo, perigoso para quem e por quê? No fundo, elas, postas no contexto correto, apenas podem ajudar o buscador a dar um passo em direção à verdade, seja esta qual for. Tais palavras jamais serão, elas próprias, "a verdade". Portanto, o segredo essencial não está nelas nem na grafia "sagrada" nem nos números: nestes estão apenas segredos formais e, portanto, inofensivos do ponto de vista estritamente iniciático. Dado o apego das massas à aparência, à forma e ao instantêneo e o desprezo da essência, do espírito e do trabalho árduo, ensinar alguém a invocar um arcanjo cabalístico ou a evocar um demônio goético é, no mais das vezes, totalmente inócuo.

- "Irresponsável! Como você afirma, Frater ZadKiel, que invocar um demônio é, no mais das vezes, inócuo?"

Respondo: irresponsável seria afirmar que um demônio pode se pôr a serviço da desgraça de alguém, sem a ajuda dos demônios internos dessa pessoa. Se é verdadeiro o postulado hermético de que uma partícula divina nos habita (ou, como diriam os adeptos de determinadas tradições, que somos, nós próprios, deuses), a conclusão lógica é a de que nenhum ser essencialmente espiritual, como anjos e demônios, tem a capacidade de nos mover para fora d'A Estrada.
Repare que a Tradição postula que as evocações sejam feitas diante do triângulo mágico. O magista, por seu turno, se põe dentro do Círculo. O círculo é a representação do universo do magista. O triângulo remete à tridimensionalidade. Quando alguém evoca um "demônio", ele supostamente se faz presente dentro do triângulo, fora do círculo. Isto deve ser suficiente à conclusão de que esse "demônio" é uma realidade do próprio magista, que, nos estágios iniciais da sua formação, necessita pô-la para fora de si, para vê-la, entendê-la e talvez empregá-la a seu favor.
Quem evocaria um demônio do dinheiro, senão aquele que está pobre? Quem determinaria a um demônio que ferisse outrem, senão o covarde que não tem coragem para, ele próprio, resolver o que esteja pendente com seu desafeto? Na verdade, está-se abrindo um diálogo com uma parte de si que reclama conserto (também estaria correto - talvez ainda mais - se dissesse "que reclama concerto"), e, nisto, a evocação demoníaca não se diferenciaria em nada das preces levadas a Santo Antônio, por "X", que deseja que o "Casamenteiro" lhe arrume um matrimônio com "Y".

Não há nada em Magia que faça da pessoa mais rica, mais sexy nem mais inteligente em um segundo. Se alguém quer tal fórmula mágica, ninguém não pode dá-la, simplesmente porque não existe, jamais porque não se queira divulgar um segredo. Posso entregar um grimório de magia nigérrima para uma pessoa que queira derrubar seu inimigo sem qualquer crise de consciência, porque sei que as conjurações não terão qualquer efeito. Sobre o tema, recomendo a leitura de "Envenenamento mental", de Spencer Lewis, ou o texto introdutório do "Goetia", de Crowley.

"Tudo está na mente", diriam alguns budistas.
"Conhece-te a ti mesmo", diriam os freqüentadores de Delfos.

Que fique bem entendido: é esse tipo de conduta que classifico de Segredo Mau: a insistência na existência de segredos não-instrumentais em relação à Consecução. Quando alguém prega que está de posse de segredos capazes de tornar instantaneamente o ser-humano mais rico, atraente etc, assume a velha figura do mago-de-faz-de-conta, aquele que quer fazer crer que a divulgação dos supostos "segredos" pode causar um mal mais do que terrível e, assim, postula-se num time de "eleitos", ou seja, de poucos confiáveis para conhecer a mecânica dos sortilégios. Essa gente quer, por assim dizer, que acreditemos que a sua própria estatura espiritual se sobrepõe à de nós outros.

Enfim, longe de fazer apologia da divulgação do material que ainda permanece secreto em determinadas organizações, o que digo é: (1) esses "segredos" não têm o condão de, por si só, causar mudanças instantâneas no mundo objetivo. Portanto, sua divulgação não causaria qualquer mal nem bem aos chamados "profanos": seria inócua, totalmente inócua; (2) os "segredos", no fim das contas, conduzem sempre à fórmula decantadas pelos adeptos rosicrucianos: "Invoca sempre! Inflama-te em oração!". Citei essa mesma fórmula na roupagem que Bulwer-Lytton lhe deu: "o pensamento das almas que aspiram aos ideais divinos são constante prece". Posso, também, dizê-la sob forma zen-budista: "Acordar, comer, andar... tudo é Ch'an". E assim por diante.

O Segredo Mau é o segredo da manipulação. Os demais, ou são instrumentais, ou simplesmente inócuos."

"What happens when you say something that makes people think? They become afraid of you, and they neutralize your message by pinning a label on you which is not open to interpretation or is a postmodern puzzle piece in the endless laybrinth of fragmented realities." (Peter-R. König)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Passeando por paragens virtuais, encontrei esta passagem em uma comunidade no Orkut. Que a leiam com coragem e resignação aqueles que aspiram ao ingresso na Fraternidade Rosa+Cruz, pois nela estão contidas verdades pouco aceitas e dificilmente divulgadas. E aqui vos dou uma pista: a verdade aparente se desvela primeiramente aos olhos e ao intelecto, mas é na contemplação do Liber Mundi e na meditação serena sobre o que está escrito que vós encontrareis a chave para a leituta correta da mensagem de Fulcanelli.

"A pretensa Confraria da Rosa-Cruz jamais teve existência social. Os adeptos portadores deste título são, apenas, irmãos pelo conhecimento e pelo êxito de seus trabalhos. Nenhum juramento os obriga, nenhum estatuto os liga entre si, nenhuma regra, além da disciplina hermética livremente aceita, voluntariamente observada, influencia o seu livre-arbítrio. Tudo o que se pode escrever ou contar, tirada da lenda atribuída ao filósofo Cawle, é apócrifo e digno até de alimentar a imaginação, a fantasia romanesca de um Bulwer Lytton. os Rosa-cruzes não se conheciam; não tinham sítio de reunião nem sede social, nem templo, nem ritual, nem marca exterior de reconhecimento. Não contribuíam com quotizações e nunca aceitaram o título, dado a certos autores irmãos, de cavaleiros do estômago: os banquetes eram-lhes desconhecidos. Foram e continuam a ser isolados, trabalhadores 'cosmopolitas' na mais estreita acepção do termo. Como os adeptos não reconhecem qualquer grau hierárquico, dali se segue que a Rosa-Cruz não é um grau, mas a única consagração dos seus trabalhos secretos, a da experiência, luz positiva, cuja existência lhes fora revelada por uma fé viva. Decerto, alguns mestres podem ter agrupado à sua volta jovens aspirantes, aceitado a missão de os aconselhar, dirigir, orientar os seus esforços e formar pequenos centros iniciáticos de que eram a alma, às vezes reconhecida, muitas vezes misteriosa. Mas afirmamos - e bem pertinentes razões nos permitem falar assim- que nunca existiu, entre os possuidores desse título, outro laço senão o da verdade científica confirmada pela aquisição da pedra [filosofal]. Se os Rosa-cruzes são irmãos pela descoberta, pelo trabalho [alquímico] e pela ciência, irmãos pelos atos e pelas obras, é à maneira do conceito filosófico, o qual considera todos os indivíduos como membros da mesma família humana..." (Fulcanelli, citado por Mauro Reli).

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Estabelecendo limites à compreensão da postagem anterior

"A auto-aceitação é alcançada encarando-se vigorosamente os desafios da vida. Não te mortifiques em função de tuas provações e dificuldades nem construas barreiras mentais para excluir a dor da tua vida. Tu não encontrarás paz tentando escapar de teus problemas, mas confrontando-os com coragem: tu não encontrarás paz na fuga, mas na vitória"
(J. Donald Walters)

Se estás espalhando gentileza e felicidade, mantém atenção sobre isto: não queiras ser a pessoa boazinha, que está sempre se sacrificando em proveito da vontade alheia. Não sirvas como escravo, mas como Rei. Afirma tua autodeterminação.
E não te apoies na auto-ilusão de uma felicidade artificial, que nasce da fuga da realidade. Sê forte, pois grandes batalhas só são confiadas a grandes guerreiros. Lapida tua auto-aceitação.

Está escrito na Confissão de nossa Fraternidade que aqueles que nos procuram apenas para obter conhecimento não nos encontrarão. Isto porque o que precisamos é de quem esteja disposto a servir na Grande Obra de Nosso Senhor e ajudar na consecução dos objetivos que Ele traçou para o Colégio da Rosa+Cruz. Não precisamos de - nem queremos - aqueles que desejam somente ter acesso à nossa bibliotheca interna - mesmo porque, se é isso que queres, estás batendo na porta errada: nossos escritos não nos pertencem, e aquilo que nos pertence está escrito com tinta invisível, embora ostensivamente manifesto.

No mundo dos cinco, extraias três de quatro. De dois, faz um. O um, torna Nada. Para isso, deves primeiro reconhecer-te como estrela (a alusão é ao cinco, anteriormente mencionado, e ao pentagrama). No mundo dos seis, identifica-te com os sete; mais tarde, ruma ao Nada. Como verás, ambos os trabalhos entrelaçam-se. Para isso, porém, deves agir como o escultor, que quebra e se livra do excesso, até mesmo, do mais caro dos mármores, para assim revelar a sua Obra.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Rosa+Cruz desconhecida?

Meu primeiro contato com a Fraternidade Rosa+Cruz ocorreu há mais de 30 anos, quando a minha idade física (pressupondo-se que haja uma idade supra, extra ou metafísica) não chegava aos sete. Apesar de não dar a importância que o evento, apenas de acordo com a minha maturidade atual, merecia, aquele momento ficou gravado na minha mente por todos esses anos, e até hoje me recordo de tudo com precisão. Com o tempo, fui abençoado com a permissão de conhecer não apenas pessoas incríveis e de participar de todo tipo de grupo de cariz iniciático, mas também de estar em santuários, templos, mansões, oratórios e laboratórios da Confraria; mais: de banhar-me na fonte pura da energia da Casa do Espírito Santo. E posso garantir: a Fraternidade Rosa+Cruz está em todo e nenhum lugar; portanto, é conhecida e desconhecida. Todas as organizações rosicrucianas, para as quais confluem as correntes herméticas, alquímicas, cabalísticas e gnósticas, a representam, mas nenhuma a "presenta". Para todo aquele que, sendo merecedor, a busca, a Fraternidade se pronuncia - às vezes, silenciosa e veladamente, é certo, mas nesse momento a sensação é tão sublimemente única, singular e inefável, que não demora para que se compreenda o seu método de comunicação (o que não significa, porém, a compreensão da sua mensagem).
Por certo, não me é dado, querido leitor, levar-te ou a tua declaração de vontade ao Colégio da Rosa+Cruz, ou apresentar-te a qualquer um dos meus Irmãos mais velhos (sendo eu mesmo um dos mais novos entre os novatos). Também não me é dado instruir-te, pois o que tenho a dizer sobre tudo aquilo que extraí da aplicação das chamadas ciências sagradas é inútil para ti. Ai de mim! Já hoje, todo o acervo especulativo sobre o qual me debrucei por décadas não me é senão nostalgia... Mas vê: está tudo sobre o caminho. Sobre o teu caminho. Tu és o bastante: não acredites no contrário. Abraça esta oportunidade. Como? Sugiro-te começar pela prática da gentileza. Estampa um sorriso em teu rosto e sê gentil contigo e com o próximo. Assim, estarás curando um pouquinho do Mundo... e curar gratuitamente não é dever do Rosa+Cruz?
Certamente, a literatura descreve símbolos e signos mágicos capazes de operar maravilhas. Mas o que é um símbolo vazio, traçado por quem não o enxerga apropriadamente e, por conseguinte, desconectado de sua essência e desprovido da sua função (poderia dizer "de sua natureza") arquetípica? Sê tu mesmo o Pentagrama (de fato, o és) e começa a equilibrar os Elementos pela gentileza, sem abrir mão da firmeza e da autoridade que as situações eventualmente exijam de ti. Sente que o sorriso estampado no teu rosto também tem a ti por destinatário. Diz olá a ti mesmo(a) e deixa teu próprio ser sorrir-te de volta. Deixa também que cada sorriso, cada resposta de um "olá!", "bom dia!" ou "boa noite!" - de teu par, teus pais, teus filhos, teus amigos, teus colegas, teus superiores hierárquicos, teus subordinados, teus desconhecidos, de ti mesmo - seja uma fonte de felicidade para ti. Sozinho, sorri, então, ao mundo e ao próprio Universo, e captura todo sorriso, toda gentileza, que recebas de volta. Deixa que cada uma dessas respostas seja computada conscientemente por ti e sente-te merecedor(a) dessas gotas de felicidade. De fato, tu semeaste felicidade; mereces, pois, colher os dividendos da felicidade!
É por teus atos que a Fraternidade te conhecerá. Se semeias gentileza e és feliz, sem abrir mão da tua própria felicidade, certamente estás no caminho certo.
Que sobre ti caiam as bênçãos do Senhor da Iniciação!
ZadKiel R+