sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Onde está o Anjo?

Eis uma pergunta bastante comum entre aqueles que percorrem O Caminho:
- "O Anjo Guardião está 'dentro' ou 'fora' do Peregrino?"
Invariavelmente, essa pergunta me faz recordar a resposta de um de meus queridos Mestres, um verdadeiro Adepto R+C. Respondia o saudoso Mestre, perguntando, com seu misterioso sorriso de canto de boca:
- "Onde está você"?
A pergunta do Mestre continha, em si, uma resposta menos velada do que aparentava. E aqui lhe respondo, sob o risco que corre qualquer aluno, de não atender às expectativas de seu professor:
Se o Aspirante vê o Sol, como em um Amanhecer Dourado, o Anjo está fora dele. É a ele que dirigia suas preces de criança.
Se o Adepto está no Sol e sente o perfume de uma Bela Rosa, o Anjo está dentro dele. É com ele que conversa no mais absoluto silêncio.
Se agora o que há é um Ovo ou um Ventre nas profundezas de um Abismo Sagrado, no qual um novo ser trabalha em seu mágico repouso, o Anjo foi deixado no Portal.
Se o Mestre navega naquele Mar onde tempo e espaço se dissolvem, já não há mais Anjo, nem Adepto, nem Aspirante, pois tudo é Um.
E acima, no extasiante hálito do Beijo da Deusa, adornada por três ocultos Véus, o Um, que outrora foi Dois, se torna o Nada pulsante; sim, o Um se torna o Nada pulsante.

ZadKiel R+

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Cabala Mística (continuação)


Na primeira postagem sobre o tema (http://zadkiel-rc.blogspot.com/2009/08/sobre-cabala-mistica.html), percorremos as Esferas (Sephiroth) de Kether - no topo da Árvore da Vida - a Tiphereth - no centro de Árvore. Transcreveremos, agora, as anotações do Irmão Poimandres, de Malkuth - a Esfera (Sephirah) que se encontra no ponto inferior da Árvore, representada como um pingente, até Netzach, a sétima Sephirah que, de cima para baixo, sucede Tiphereth e antecede Hod. Ou seja, iniciamos de modo descendente e finalizamos de modo ascendente, tendo Tiphereth como ponto central ou centro gravitacional. Existe um propósito nisto, pois em Tiphereth se realiza a etapa central da Grande Obra (aperfeiçoada em Geburah e Chesed). Por fim, transcreveremos as notas acerca de Daat, a "falsa Sephirah", entre as tríades intermediária e superior.

MALKUTH
~ O Reino ~

É a esfera em que tudo é visível.
Somente em Malkuth, podemos discernir o certo do errado, o verdadeiro do falso.
Em outros planos, basta pensarmos nas coisas, para que elas sejam como pensamos.
Em Malkuth, um gravador será um gravador, mesmo que pensemos que é uma cadeira.

Virtude: estabilidade.
Vício: inércia.
Experiência espiritual: Visão do Sagrado Anjo Guardião, nosso objetivo na Grande Obra (Nota de ZadKiel R+: observem que trata-se da "Visão" do Anjo, não de seu "Conhecimento e Conversação", experiência ocorrida em Tiphereth. Em Malkuth, se tem a visão do Sol como em uma Dourada Aurora; em Tiphereth, se tem um Matrimônio, como na união da Rosa à Cruz).

Há uma relação entre o Sagrado Anjo Guardião e o Eu Superior. Começamos a cumprir nossa missão quando entramos em contato com o Eu Superior.

Imagem Mágica: uma moça sentada em um trono.
Anjos: Ashin, Almas de Fogo e Querubins.
Símbolos: Altar de duplo cubo; cruz de braços iguais; círculo mágico; triângulo da Arte.

Cartas: OS DEZ
Paus: opressão;
Copas: êxito perfeito;
Espadas: ruína;
Ouros: opulência.

Consideradas microcosmicamente, as três últimas esferas do Pilar Central representam:
Malkuth: o corpo;
Yesod: o duplo etérico;
Tiphereth: o espírito superior.

Nome divino: Adonai-Ha-Aretz.
Arcanjo: Metraton (Príncipe das Faces) = Kether; Sandalphon (Arcanjo da Terra); Auriel (Arcanjo do elemento terra).
Chacra Mundano: A totalidades dos elementais, Cholem Ha Yesodoth.

Em Malkuth, somos microcosmos.
O homem é o agente divino de Asiah, e os seres elementais são o aspecto mais inferior, mas encontramo-los desde Kether.
Os elementais são seres automáticos; são leis individuais da natureza, obreiros sob o comando das hostes angelicais.

QUATRO ASPECTOS DA MATÉRIA:
- Subatômica - Adonai - Atziluth de Malkuth;
- Nuclear - Arcanjos - Briah de Malkuth;
- Atômica - Anjos - Yetzirah de Malkuth;
- Celular - Assiah de Malkuth.

Sandalphon não pode ser visualizado, pois seus pés estão na Terra e sua cabeça, no Infinito (Kether). Por isso, diz-se que Malkuth está sentada no trono de Briah. Recebe as ordens de Adonai e as transmite aos Querubins, que as executam.
Podemos invocar Adonai usando a imagem mágica de Malkuth, pois esta representa a própria Natureza.

YESOD
~ O Fundamento ~

Refere-se ao mundo etérico, governado pela Lua.

Nome Divino: Shadai-El-Chai.
Arcanjo: Gabriel.
Anjos: Querubins.
Imagem: Hércules nu.

É uma esfera de grande importância para a Magia (Hod é como um armazém de formas-pensamento humanas; Yesod é como um armazém de pensamentos cósmicos).
Em Yesod, podem-se modificar as imagens, para curar e rejuvenescer.
Corresponde aos órgãos sexuais.
Chifre voltado para cima: Phallus; chifre voltado para baixo: Kteis.

No Tarô: os quatro "Noves":
Paus - força;
Copas: sorte material;
Espadas: crueldade;
Ouros: ganância.

Em Yesod, o iniciado libera a mente subconsciente. Penetrando em sua mente, confronta-se com seis problemas psíquicos e tem a chance de erradicá-los ou corrigi-los (no desequilíbrio, há o risco de exacerbá-los).

HOD
~ O Esplendor ~

Preside o raciocínio mental, lógico e científico.

Virtude: verdade.
Vício: mentira.
Arcanjo: Miguel (proteção contra as hostes das qliphoth, plural de qliphah, as conchas abaixo da Árvore da Vida).
Anjos: Beni-Elohim.
Imagem: Hermafrodita.
Nome divino: Elohim Sabaoth.
Chacra Mundano: Mercúrio.

Há três caminhos do ocultismo que se encontram em Tiphereth:
1 - O do misticismo da natureza e da arte - instrutor: Orfeu - ligado a Netzach;
2 - O do misticismo devocional - instrutor: Jesus - ligado a Yesod;
3 - O da Magia - instrutor: Hermes - ligado a Hod.
Quando se unem em Tiphereth, se complementam. Assim, o magista pode operar sem rituais.

Hod é a esfera da Iniciação.
Nomes mágicos, versículos, talismãs, símbolos etc pertencem a Hod.

Experiência espiritual: Visão do Esplendor.

No Tarô: os quatro "Oitos":
Paus: rapidez;
Copas: êxito abandonado;
Espadas: força amortizada;
Ouros: prudência.

Corresponde ao quadril e às pernas.

Não se pode sublimar estados patológicos, mas sim instintos. Ex: a transmutação de desejos em vontade.

NETZACH
~ A Vitória ~

Estabelece o relacionamento humano, vertical e horizontalmente.
Horizontalmente, causa a amizade e, em excesso, o homosexualismo.
Sentimentos positivos -> imaginação criadora.

Arcanjo: Haniel (Anael).
Chacra mundano: Vênus (que dá vida ao mundo do pensamento).
Anjos: Elohim.
Nome divino: Jeová Sabaoth.
(Auriel = Hamiel, Haniel e Samael).
Virtude: valor, retidão.
Vício: egoísmo, luxúria.
Símbolos: rosa em botão, cinto e lâmpada.
Imagem mágica: uma bela mulher desnuda.
Experiência: a beleza triunfante.

As artes são presididas por Vênus.
Pandora, a primeira mulher.

Quando descemos ao abismo do mal, também vemos coisas estonteantes, mas perigosas.

No microcosmo, são os rins, mas também podem ser associados, como Hod, ao quadril e às pernas.

Netzach é o aspecto mais inferior do Eu Superior, e o mais superior da personalidade.
A personalidade apresenta quatro aspectos: Forma (em Malkuth), Vida (em Yesod), Mente (em Hod) e Alma (em Netzach).

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DAATH
~ O Conhecimento ~

Antes da Queda, Malkuth estava onde, hoje, encontra-se Daath: no Pilar do Meio, logo abaixo de Chokmah e Binah.
É uma esfera de dimensão diferente, considerada a conjunção de Chockmah e Binah.
Em Daath, a fé está alicerçada no ponto mais alto do conhecimento.
A penetração nas Supernas (Binah, Chokmah, Kether) somente ocorre através do Espírito Divino (Neschamah, plano superior), pois, atingindo-se o conhecimento pleno em Chesed, abandona-se o Átomo Permanente, o próprio Sagrado Anjo Guardião, em Daat, extinguindo-se a separatividade da personalidade e do individualismo, assumindo-se a Mônada, em Binah.

Experimenta-se a solidão espiritual, pois ali todos os conceitos são dissolvidos.
Imagem: cabeça com duas faces, olhando dois caminhos.
É a esfera do Karma.
Leva o indivíduo a ser inflexível em sua missão, com amor desprovido de egoísmo.
Experiência espiritual: visão além do Abismo.
Virtudes: desapego, purificação da justiça, confiança no futuro.
Vícios: dúvida acerca do futuro, inércia, apatia, covardia, orgulho que isola e desintegra.
Chacra mundano: Sírius ou Sothis, Alfa da Constelação Cão Maior.

Os quatro Arcanjos:
RAFAEL: Leste, Luz, Ar, Amarelo Ouro.
GABRIEL: Oeste, Visão Interna, Água, Azul.
MIGUEL: Sul, Poder, Fogo, Vermelho.
AURIEL: Norte; Estabilidade; Terra; Amarelo-limão, verde-oliva, marrom e preto.

Anjos: Serpentes Aladas.

A forma mais apropriada aos Arcanjos são grandes pilares; se antropomórficos, devem apresentar seu sigilo, ou selo, no peito.

Os anjos não são seres melhores que os homens. Sua corrente evolutiva é diferente da humana, assim como seus objetivos. São, porém, mais adiantados na evolução.
Os anjos não têm nome individual, somente coletivo.

Os elementais são evolutivamente inferiores ao homem. Estão para os anjos, assim como os animais estão para o homem.

Norte - Gob - Terra - Auriel - Fertilidade;
Oeste - Niksa - Água - Gabriel - Visão Interna;
Leste - Paralda - Ar - Rafael - Luz e Cura;
Sul - Djin - Fogo - Miguel - Proteção.

Anjos e elementais não quebram as leis naturais, consequentemente, não operam milagres.

No fim da evolução, Malkuth retornará ao lugar ocupado por Daath.

KETHER - energia pura;
CHOCKMAH - energia dinâmica;
BINAH -matriz arquetípica;
CHESED - expansão da idéia, organização;
GEBURAH - ajuste da idéia;
TIPHERETH - embelezamento;
NETZACH - composição da idéia, iluminação;
HOD - concretização;
YESOD - fundamento;
MALKUTH- corporização;
DAATH: visão total da idéia. Conhecimento.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Perjuro (por ZadKiel R+)

Silêncio,
Por que te quebras tão facilmente?
São os lábios mais fortes que a mente?

Promessas,
Por que vos esvaís com tamanha facilidade?
É a língua mais forte que a vontade?

Era noite e choravas
À porta do Templo, ansioso aguardavas
Neófito, à Luz tu aspiravas!

Ao doce toque da espada
Irmãos receberam-te de mãos dadas
E tua Cruz se fez menos pesada

Os mistérios abriram-se a ti
Estranhos ritos praticaste ali
Sob os selos de Salomão e de Davi

Silêncio...
Não o prometeste guardar?
Silêncio...
Não o juraste respeitar?

E agora, longe do Altar,
O que era oculto
Ousaste revelar

Mas, perjuro, agora entende
Que o oculto não se compreende
Com a mente, mas se sente

Perdem-se a forma e a aparência
Mas não se viola a essência
Da arcana arte e ciência

Tudo é noite e deserto
Já não tens irmãos por perto
Está fechado o que era aberto

E sozinho seguirás
Até que olhes para trás
E a Palavra já não traias mais

Até que plantes a semente
De nova Rosa e simplesmente
Silencioso, sigas em frente

Silêncio!
Silêncio.
Silêncio...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Casamento da Rosa e da Cruz

De sete fontes nascem os rios que regam a Rosa.
Suas águas percorrem a Cruz e a fecundam,
Na maré apropriada,
Por doze estações,
Com as substâncias da Estrela Menor.
Gera-se, então, um ser luminoso, onde havia duas sombras.
Eis a Criança, portando mágico Rubi, que, purificado pela Arte, reluz como Ouro.
Unida, assim, à Cruz, exala a Rosa seu Perfume.
Abrem-se, ao Adepto, as portas da Magia Superior.

ZadKiel R+

sábado, 7 de agosto de 2010

Fraternitas Rosicruciana Antiqua

No final dos anos 20 do século passado, o célebre ocultista germânico Arnold Krumm-Heller (Mestre Huiracocha) instituiu a Fraternitas Rosicruciana Antiqua (FRA), organização que ganhou força, principalmente, na América Latina.
Com a morte de Krumm-Heller, em 1949, o Summum Supremum Sanctuarium da FRA deveria ter sido transferido da Alemanha para o Planalto Central brasileiro. No entanto, o Dr. Albert Wolff (que assina a segunda parte da introdução da obra "Del incienso a la osmoterapia"), encarregado dessa tarefa pelo próprio Dr. Krumm-Heller, faleceu no ano seguinte, em Juiz de Fora, MG.
Assumiu, então, a liderança mundial o filho do Dr. Krumm-Heller, Parsival, que dirigiu a Fraternidade de 1950 a 1956, quando retirou-se ao silêncio. De acordo com Parsival, seu afastamente se deu porque seu pai desejava que cada ramificação da FRA seguisse seu próprio rumo, moldando-se de acordo com as especificidades do tempo e do local em que estivesse inserida. De acordo com uma previsão do Mestre - dizia Parsival -, isto implicaria uma certa turbulência, a qual findaria cerca de 50 anos após a passagem do Dr. Krumm-Heller aos planos superiores, quando um Irmão brasileiro estabeleceria pontes fraternas entre os ramos da Fraternidade.
Assim, na segunda metade dos anos 90, Parsival tornou-se mentor nos mistérios rosicrucianos de um Irmão do círculo interno do ramo brasileiro da FRA, tendo-o nomeado Enviado Especial e Embaixador do Summum Supremum Sanctuarium em fevereiro de 2001.
Desde então, esse Irmão tem aproximado diferentes ramos da FRA nas Américas e na Europa. A seguinte página foi criada para possibilitar que oficiais e membros regulares de todas as ramificações da Fraternidade possam entrar em contato com seus Irmãos de outras "linhas de sucessão": http://rosacruzantiqua.wordpress.com
Os estudantes do rosacrucianismo que ainda não conhecem a Fraternitas Rosicruciana Antiqua encontrarão na mencionada página uma série de links, através dos quais poderão ter informações sobre a Fraternidade, em suas diversas manifestações.
Que as Rosas floresçam em sua Cruz!


sexta-feira, 16 de julho de 2010

E à luz rumou Aster...


É com saudades que anunciamos a passagem aos planos superiores do Amigo e Irmão Euclydes Lacerda de Almeida (Frater Aster O.T.O. / Frater Thor A.'. A.'.), ocorrida em 24 p.p.
Euclydes foi membro do Soberano Santuário da Gnose (IXº) da Ordo Templi Orientis, Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros de Thelema, fundador da Sociedade Novo Aeon e autor de inúmeras obras - publicadas por meio de edições privadas - sobre temas ocultistas (confira-se a lista de algumas delas, disponíveis para consulta virtual, em http://www.ocultura.org.br/index.php/Euclydes_Lacerda_de_Almeida).
Foi, também. instrutor de destacados ocultistas brasileiros na senda da A.'.A.'. - inclusive, nos anos 70, de um, então, iniciante chamado... Paulo Coelho!
Iniciado na Fraternitas Rosicruciana Antiqua em Santos Dumont, Minas Gerais, em novembro de 1975, sob a espada do Mestre Paulo de Paula, Euclydes costumava participar, quase sem ser notado, das Missas Gnósticas realizadas aos domingos na Aula Lucis Central, na Tijuca.
Avesso à McDonaldização do Oculto, foi cercado, até o fim de sua vida, de poucos e fiéis discípulos e amigos, assim como de uma família amorosa, grata e dedicada.
Uma nota curiosa: há tempos, eu vinha procurando uma importantíssima carta que me foi escrita, em 1997, pelo Comendador Coaracyporã, da Fraternitas Rosicruciana Antiqua. Há dois dias, havia escrito a um irmão, na esperança que tal carta estivesse com ele... em vão!
Ontem, visitei Teka, a viúva de Euclydes, que me acompanhou ao apartamento em que o Irmão mantinha sua biblioteca, para definirmos como catalogaremos seu imenso arquivo. Ao chegarmos lá, a luz de um dos quartos estava acesa, mas não demos importância.
Percorremos o apartamento apenas identificando com o olhar o modo como o vastíssimo material, fruto de uma pesquisa de mais de 50 anos, estava disposto, até que chegamos àquele quarto. Ali, pela primeira vez, Teka resolveu abrir uma das dezenas de pastas que havia no local. Ela foleava os documentos, quando identifiquei alguns que me eram conhecidos, entre os quais estava... a carta que tanto procurava! Só então que me recordei que havia deixado aquela missiva com Euclydes há mais de 10 anos, pois, ali, o Comendador Coaracyporã falava, entre diversos outros assuntos, de um ex-Irmão da Fra. R.C. Antiqua, Marcelo Ramos Motta (Parzival XIº). Esse Irmão fora o Supervisor-Geral da Ordo Templi Orientis e o primeiro Instrutor do próprio Euclydes, tanto na O.T.O., quanto na A.'.A.'.
E foi assim que o Mestre, desde os planos invisíveis, fez retornar às minhas mãos o documento que eu tanto procurava...

E a luz se soma à Luz, a Rosa desabrocha e deixa a Cruz, o amigo segue viagem, o Mestre se torna invisível... Obrigado pela mão estendida no caminho de volta, pelas provas e lições, pela simplicidade com que apresentava todo o fantástico conteúdo de conhecimento e sabedoria de um autêntico Iniciado, de alguém que esteve aqui e Lá ao mesmo tempo e, mesmo no turbilhão dessas situações aparentemente contraditórias, nos lembrava de sermos quem somos e cumprirmos os desígnios de nossa Vontade.

Vale, Amicus! Vale, Frater! Vale, Magister!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sobre barreiras, graus e invisibilidade


O que une, e o que separa?
Barreiras separam, e isto é dizer o óbvio.
Ocorre que o óbvio, muitas vezes, não é percebido. Tome-se por exemplo as próprias organizações rosicrucianas. Quantos, tendo sido admitidos ao círculo interno por meio de uma cerimônia, realmente foram iniciados? E isto eu lhes digo: aqueles que batem no peito presunçosamente, dizendo-se membros desse ou daquele grau, ainda não sabem o que é a iniciação. Isto porque graus são barreiras e, portanto, implicam separação, enquanto o verdadeiro iniciado é sempre o promotor da (re)conciliação.
Graus nada representam desde o ponto de vista estritamente iniciático. N-a-d-a. Não são garantia de conhecimento, nem de sabedoria, nem de autodomínio, nem de autoconhecimento, nem de iluminação, nada de nada.
Graus revelam que o seu detentor se encontra há um certo tempo em uma determinada situação dentro de uma dada organização e, no mais das vezes, que não representa uma ameaça ao grupo dominante. De certo, nada mais.
Mesmo nas organizações em que os graus são conquistados por meio da quantidade de instruções recebidas, da presença em reuniões ou da frequência ritualística, não há garantia alguma de que um detentor do último grau tenha mais conhecimento ou vivência do que um recém-chegado. Afinal, há chaves que só são transmitidas - até nestes tempos cibernéticos, em que os limites entre o público e o privado são cada vez mais tênues - de boca a ouvido; e outras que só são conquistadas por meio da verdadeira dedicação aos estudos e à prática.
Neste sentido, nunca é demais repetir: a iniciação não ocorre em um mero ritual de passagem. É preciso muito mais do que isto: necessita-se de uma imersão nos reinos internos, sem a qual qualquer contato com os mundos invisíveis torna-se desprovido de significado espiritual, perdendo-se os passos em uma antecâmara que o aspirante, iludido, acredita tratar-se do Salão d'O Templo.
Quisera poder discorrer sobre tal imersão, sobre a dimensão do significado desse termo, mas somente me é autorizado esperar que o leitor entenda que a literalidade e a metáfora nem sempre se excluem. Para além de a mente ser livre para visitar cada abstrato altar que há no próprio ser humano e, ali, tocar o intocável, é certo que existem, entre o etéreo e o concreto, fluidos que servem de ponte entre os dois mundos, verdadeiros substratos alquímicos. Ah! Paro por aqui, pois o Silêncio me é imposto...
Leitor: não há graus ou barreiras que separem os membros da Confraria Rosa+Cruz. Entre nossos Irmãos, há membros de diferentes organizações rosicrucianas, e há quem jamais tenha ingressado em qualquer instituição congênere. O que nos une está além dos olhos e do intelecto, e nisto reside o segredo de nossa invisibilidade.