terça-feira, 19 de agosto de 2008

A busca não é um fim

Existe um mito que nos compele a buscar o porquê de tudo e de todos. É como se um buscador fosse sempre melhor do que aqueles que nada procuram. Esse mito, estou pondo para dormir.

O buscador - de respostas, de luz, de prazer, de felicidade - nem sempre tem um norte e, muitas vezes, a sua busca é motivada apenas pela insatisfação. Veste, assim, uma máscara de grandeza exterior para esconder sua confusão interior.

É verdade que parece ser da natureza humana querer sempre mais - e nisso, por si só, não há mal nenhum. O ponto está em perceber que há vezes em que mais é menos e vice-versa.

Para que a busca não seja vã, deixemos os porquês de lado por um momento e nos concentremos inicialmente no "o quê". Antes do querer, que venha o saber: saber o que se quer. Quando não se sabe o que se quer, toda busca se perde no mero acúmulo. Acumulam-se saberes, fatos, alegrias e decepções, tal como se acumulam moedas. No final, a pergunta que resta é um espantado "para quê?".

É importante, portanto, que, antes de partirmos para qualquer busca, definamos o que queremos. E aqui algo para aqueles que têm "olhos de ver e ouvidos de ouvir": se o que quisermos for Nada, que Nada busquemos.

sábado, 2 de agosto de 2008

Sobre a importância do perdão

Apesar de normalmente tratarmos como equivalentes, "perdoar" e "esquecer" são ações bem diferentes.
O perdão é voluntário e bilateral – exige um pedido e uma aceitação. Se destina a uma pessoa e liberta, tanto quem o recebe, quanto quem o confere desde a prisão de uma mágoa passada.
Já o esquecimento não dança conforme a música da nossa vontade. Não esquecemos pura e simplesmente, mesmo que o queiramos muito.
Há feridas que não cicatrizam, fatos impossíveis de esquecer, e quando alguém nos machuca, queremos machucá-lo também; quando alguém erra conosco, queremos ser a parte absolutamente correta na história.
Sem o perdão, velhas brigas jamais são apaziguadas e aquelas velhas feridas jamais param de doer. Assim, nos condenamos - a nós mesmos! - a conviver com a dor e com a vã esperança de um dia sermos capazes de esquecer...