terça-feira, 11 de novembro de 2008

Sobre o amor e a divisão

(Este escrito compartilha da natureza do Grau 8=3)
Li outro dia que devemos saber que aqueles a quem amamos, assim como aqueles que nos amam, volta e meia nos farão sofrer – e que devemos estar preparados para encarar esses episódios como incidentes naturais, próprios do dia-a-dia e da natureza humana.Olhar para trás basta para que percebamos que as coisas são realmente assim. Mas por quê?

O amor nos impele à união. Queremos estar juntos da pessoa amada, e o que há de mais óbvio nesta afirmação é que o amor nos atrai para um outro alguém. É, portanto, um sentimento que nos faz querer estar com um ser diferente por definição, em quem, no mais das vezes, depositamos o nosso sonho de completude e felicidade.

Simples, mas não fácil de se lidar com isso. Afinal, não raro, queremos que o ser amado seja sempre como o idealizamos. Porém, por mais próxima que seja do nosso ideal, a pessoa amada é tão complexa quanto nós, um universo por si só. E, justamente por isso, ainda que nos faça um milhão de vezes feliz, é certo que haverá um ou outro ponto que não corresponderá exatamente àquilo que idealizamos.

Nesse momento, a divisão se apresenta, e a dor vem de uma só fonte, quer a percebamos ou não: cada pessoa é única, e naturalmente haverá pontos em que essa realidade saltará aos olhos.Existem duas possibilidades, então: encarar a divisão como algo que separa, ou como algo que complementa. Compreender que a diferença do ser amado é naturalmente humana é o primeiro passo para que se engrandeça na complementaridade do amor. Não aceitar essa realidade pode fazer com que se queira mudar o outro. E será justamente esse capricho que fará do amor um sentimento que separa, contrariando a própria natureza do amor, que, lembremo-nos, nos impele à união.

A chave está, portanto, em perceber a dualidade, própria do ser humano e do próprio amor, como um instrumento de união, não de separação. A partir de então, tudo que soma - amizade, cumplicidade, solidariedade, carinho, gentileza, respeito, compreensão - cresce exponencialmente e afasta dramas e desgastes indesejáveis e desnecessários. Assim, pode o amor renovar-se e ser sempre como deve ser: puro, belo e essencialmente misterioso.